IA analisa fotos de placentas para gerar um relatório de saúde da mãe e do bebê no pós-parto

O correto desenvolvimento da placenta é vital para uma gestação saudável. Após o parto, análises patológicas da placenta podem fornecer informações de interesse da mãe e do bebê. Por exemplo, se o cordão umbilical tiver um ponto de inserção anormal, ou estiver excessivamente torcido, isso pode indicar um derrame neonatal, que exige cuidados imediatos para não gerar sequelas permanentes. Além disso, anomalias podem revelar um padrão de desenvolvimento do corpo da mãe, de forma que os médicos podem melhor gerenciar gestações futuras.

Mesmo trazendo esses benefícios, apenas cerca de 20% das placentas são analisadas nos Estados Unidos, e o índice global é de cerca de 5%. Os fatores que influenciam essa baixa taxa são o custo, o tempo e a expertise necessária para realizar o exame. Os padrões para determinar se uma placenta deve ser examinada não estão estabelecidos, e regiões de baixa renda geralmente não dispõem dos recursos para que mesmo uma análise básica seja realizada.

Uma equipe de pesquisadores da Faculdade Estadual de Saúde e Desenvolvimento Humana da Pensilvânia, nos Estados Unidos, acaba de apresentar um modelo guiado por inteligência artificial para produzir relatórios diagnósticos precisos, automáticos e imediatos a partir de fotos de placentas. Em trabalhos anteriores, os parâmetros indicativos da placenta eram analisados de forma independente, usando um número limitado de imagens, o que tornava os resultados pouco úteis. O novo sistema foi treinado com 13 mil imagens de alta qualidade de placentas, anotadas com pontos de interesse que poderiam ser críticos para representar o nível de saúde do órgão, e pareadas com informações disponíveis em seus relatórios patológicos correspondentes. Em sua versão comercial, o software deve trabalhar com fotos tiradas pela equipe médica de trabalho de parto com dispositivos simples como smartphones, possibilitando a geração de informações imediatas para melhorar os cuidados da mãe e do recém-nascido. Esse é, segundo os autores do trabalho, o primeiro sistema para análise placentária automatizada. Nessa etapa de desenvolvimento, o software não deve substituir os patologistas, mas vai permitir aos profissionais envolvidos no parto tomar decisões mais eficientes e melhor informadas sobre como preservar a saúde dos pacientes. O trabalho foi apresentado recentemente na reunião da Federação Internacional de Associações Placentárias, que ocorreu em setembro na Argentina, e na Conferência Internacional da Sociedade para a Computação de Imagem Médica e Intervenção Assistida por Computador, em outubro, na China.

O sistema desenvolvido deve permitir que todas as placentas sejam examinadas, diminuir o número de placentas normais sendo enviadas para exame patológico completo, e abrir um caminho menos dependente de recursos (como equipamentos ou mesmo tempo) para a análise voltada para a pesquisa, já que ainda se sabe muito pouco sobre como a placenta está relacionada com a saúde das mães e dos bebês.

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