Inteligência Artificial pintando quadros!

Rembrandt Harmenszoon van Rijn foi um famoso pintor holandês (1606 – 1669) e é considerado um dos maiores nomes da história europeia, tendo pintado vários quadros principalmente pinturas sacras, auto retratos e relatos de grupos. Como você pôde observar, já faz muito tempo que ele faleceu, mas será que é possível “pintar” um novo quadro de Rembrandt atualmente? Como isso poderia ser possível?

O Grupo ING (instituição financeira) e a Microsoft apostaram que sim e desenvolveram um software utilizando Inteligência Artificial que, por meio da análise dos quadros já pintados por ele no passado, consegue criar uma nova pintura com as mesmas características de Rembrandt! O vídeo abaixo mostra todo o processo e está em inglês, mas vale a pena conferir para ter uma melhor ideia do funcionamento antes das explicações mais técnicas 🙂

Como você pôde conferir no vídeo, o trabalho foi dividido em quatro partes principais e vou explicar agora cada uma delas! Como em qualquer sistema de aprendizado de máquina, o primeiro passo foi estudar as pinturas de Rembrandt, analisar seus quadros e construir uma base para armazenar os dados. Foi feita a extração por meio de várias fontes de dados, escaneando as imagens e analisando pixel a pixel 150 GB dos quadros já pintados por ele. Esse processo pixel a pixel é necessário porque um computador não consegue “enxergar” todo o contexto de uma imagem, sendo necessário o processamento ponto por ponto para conseguir extrair as informações. Na disciplina de Inteligência Artificial e Sistemas Inteligentes que eu ministro, temos um projeto que é um sistema para reconhecimento automático de personagens de desenhos animados, no qual o usuário escolhe uma imagem e o sistema automaticamente consegue responder quem é quem utilizando algoritmos de aprendizagem de máquina! Nesse trabalho utilizamos a biblioteca OpenCV para ler as imagens e extrair as características de cada uma, para que assim consigamos construir a base de dados. Essas características são atributos de cada personagem que o diferenciam dos outros. Por exemplo, considerando o exemplo dos personagens Homer e Bart, o primeiro tem a cabeça redonda enquanto que o segundo tem a cabeça retangular. O formato da cabeça é uma característica que os diferencia, desta forma, o algoritmo deve entender essa diferença por meio dos pixels e gravar um valor na base de dados que corresponda à cabeça do Homer e outro relativo a cabeça do Bart.

O segundo passo para construir a nova pintura foi a extração das características dos quadros de Rembrandt, utilizando também a biblioteca OpenCV e realizando análises na demografia das faces, como gênero, idade e direção dos rostos. Com base nessa análise, os desenvolvedores concluíram que o que deveria ser pintado seria um quadro de um homem caucasiano (https://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_race), entre 30 e 40 anos, com roupas pretas, barba, usando colar, chapéu e olhando para a direita. Depois, o objetivo foi extrair características somente de quadros com esse aspecto para que os algoritmos pudessem efetivamente realizar o aprendizado.

O passo 3 foi a geração de características de acordo com o perfil do novo quadro que foi identificado, comparando os olhos parecidos para gerar novos olhos baseado nesses valores (o mesmo procedimento foi feito para boca, nariz e orelhas). Após a boca, olhos e nariz terem sido gerados, o foco foi em identificar as proporções do rosto utilizando um algoritmo para detectar os pontos em um quadro para alinhar o rosto e estimar as distâncias entre cada um desses componentes. Foram utilizadas mais de 500 horas de processamento para que o algoritmo aprendesse o estilo de Rembrandt!

A quarta e última etapa foi trazer a pintura à vida utilizando uma impressora 3D para que partes da pintura fiquem em alto relevo com uma camada sobre a outra, como se fosse um quadro original pintado a mão. Como afirmou Ron Augusts, diretor de marketing da Microsoft: “Nós usamos tecnologia e dados assim como Rembrandt usava seus pincéis e tinta para criar algo novo”.

E você, o que achou da nova pintura?

Até o próximo artigo!

Sobre o autor

5 comentários em “Inteligência Artificial pintando quadros!”

  1. Pingback: Rentismo: Um Futuro Automatizado de Abundância Bloqueada Pela Desigualdade | O Minhocário

  2. Entendo que se queira desenvolver a I A para as massas e coisas corriqueiras, mas nenhuma tecnologia substituirá o homem integral muito menos o artista. O que se vê é um quadro maneirista à lá Rembrandt, um fake, como de um falsificador. Um falsário de arte é visto como criminoso e não como um artista e faz o mesmo q vcs fizeram de forma mais simples e barata. Vcs contribuem não apenas p banalização da arte e do sentido humano dentro dela, mas com o aniquilamento da alma humana através de manipulações de mentiras e falácias. Ao invés de aplicar todo esse dinheiro nas escolas p desenvolver mais o humano, malignamente utilizam p destruir- achatar mais ainda- o ser humano.

    1. Olá, Cris! Note que este artigo somente está mostrando o que a IA pode fazer (e não foi desenvolvido por nós como está sugerindo). Nossa ideia aqui é mostrar as aplicações/notícias de IA e não somos responsáveis pelo uso que é feito e muito menos pelos investimentos! Concordamos que a tecnologia não substituirá o ser humano integral, porém, não podemos fechar os olhos para o que já está acontecendo e para as várias profissões que as pessoas estão sendo substituídas por tecnologia. Nesse cenário de avanço tecnológico, com certeza deveria haver mais investimentos no ser humano, para que esteja preparado para enfrentar essas mudanças

    2. Vc está certo, a IA vai pisar no ser humano com força e criar mais pobreza e pessoas oprimidas pelo sistema, já se tem noticia que robos estão sendo usados nos EUA como policiais com força letal. Isso é preocupante, seremos escravos das maquinas, ou quem comanda essas maquinas.

      1. Realmente, já tem várias profissões que foram substituídas e a tendência é que a lista aumente. Em contrapartida, várias outras novas profissões estão aparecendo, porém, o problema é que grande parte da população sequer tem acesso ao tipo de conhecimento necessário 🙁

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